quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Troca de "emílios"

Ter uma colega com quem desabafar umas coisas é sempre bom. É alguém que nos compreende, que sabe o que estamos a fazer e o que nos custa:
a) ter sempre alguém a perguntar o que raio estamos a fazer;
b) não ter ninguém que queira realmente saber o que estamos a fazer.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pausa forçada

Passei o dia todo no hospital, a ver se resolvo este estúpido problema do inchaço dos olhos e da vermelhidão comichosa da cara. Levei duas injecções de anti-histamínicos, mas não adiantou grande coisa.
Agora, dose cavalar de corticóides e mais umas coisas.
O pior é o sono que estas drogas dão!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Enxertos e próteses

Parece um milagre. Cada vez que abro o ficheiro com o texto, vejo uma ligação diferente entre as ideias. Tiro parágrafos daqui e ponho-os antes ali... e não é que o conjunto passa a fazer mais sentido?

Muitas vezes sinto que estou a trabalhar sem método, que com essa impulsividade ponho em risco o rigor e a seriedade do trabalho. Mas olho para o resultado do meu anti-método e não me consigo convencer de que não tem funcionado...
...e já estou na página 17!

Agora explica-me, pele da minha cara: porque continuas atopicamente comichosa?

domingo, 27 de dezembro de 2009

Leitor precisa-se

O problema... são vários, claro. Mas um dos problemas nesta fase é não saber se aquilo que escrevi até agora se aproveita, é válido, ou é uma porcaria.
Basicamente, precisava de alguém de confiança, que percebesse do assunto e tivesse a noção do grau de exigência de um trabalho deste tipo para ler o que escrevi e opinar. Preciso de saber se deveria reformular tudo ou simplesmente continuar.
Todos os guias de trabalhos académicos nos aconselham a dá-los a ler a alguém antes de os submeter à avaliação. Não nos dizem é onde encontramos esses leitores beneméritos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Avanço

O artigo já vai na página 11. Como é possível ter chegado até aqui?
Não tem sido uma questão de imaginação, acho mesmo que estou demasiado presa àquilo que tenho lido. Tenho de me libertar e escrever por mim, sob pena de me colar aos outros, coisa que detestaria fazer, até porque sei que tenho capacidade para inventar. Parece-me que é, sobretudo, uma questão de receio. Receio de que as minhas ideias não sejam suficientemente válidas para se imporem sozinhas, sem o recurso à voz dos mais sábios.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Orgulho infame

Os dois últimos parágrafos do que escrevi hoje são para o lixo e custa-me admiti-lo. São para apagar porque neles, além de fazer uma crítica negativa a alguém com muito mais saber e autoridade do que eu, não adianto nada no meu trabalho com isso. Mas como acho que tenho razão na crítica que faço, custa-me apagá-la.

De castigo, vou deitar-me e obrigar-me a repetir, até adormecer: se acho que o que os outros fizeram está mal feito, em vez de os criticar, esforço-me por fazer melhor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Há dias assim

Na vida de um doutorando, de certeza que há dias como este, em que li teses de outras pessoas e fiquei a pensar que nunca serei capaz de chegar a concluir a minha.
Não desespero ainda, porque sei que toda a gente passa por isso (e decerto muitas vezes, ao longo dos anos que o doutoramento nos consome), é normal. Estanho seria nunca duvidar da minha capacidade para concluir tão laboriosa e difícil tarefa.
Mas fiquei triste, porque na vez anterior o dia passado na BN me tinha sabido muito bem. Estava confiante, optimista, cheia de vontade de continuar. Hoje saí de lá aliviada por vir para casa brincar com os filhos, esquecer tudo o que me tinha ocupado a cabeça durante aquelas opressivas horas.
Amanhã será um dia diferente!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Escrita em dia

O artigo vai tomando forma. Já não é apenas uma página insegura, receosa de se ver reduzida a uma simples linha, após uma reconsideração cuidadosa e implacável, mas quatro páginas bem recheadas de notas de rodapé, que ora sustentam por meio da autoridade de vozes alheias todas as afirmações minimamente discutíveis, ora referenciam devidamente as fontes de afirmações já feitas por outros.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Não aguentar os cavalos

A minha desobediência de mim própria é desconcertante.
Escrevo que vou ter calma, que vou esperar e ler mais e, no minuto seguinte, começo a escrever.
Sai-me uma página, uma página inaugural espremida em quase duas horas de muita hesitação, em que cada palavra parecia um actor inseguro, como se este,  depois de entrar no palco, se desse conta de que não estava pronto e voltasse para trás da cortina, para ser substituído por outro. Com uma pergunta constantemente na cabeça («o que é que o professor avaliador vai achar disto?»), fui apagando e escrevendo, apagando e reescrevendo, até que lá consegui encher um página da qual, muito provavelmente, dentro de alguns dias, nada se aproveitará.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aguentar os cavalos

Por mais que me apeteça começar a escrever o meu próprio texto, o meu primeiro ensaio de tese, o meu voo inaugural para fora da citação, os dedos param a milímetros do teclado e reflicto: ainda é cedo.

Há mais leituras para fazer. Começar já seria uma leviandade e, muito provavelmente teria de ser corrigida mais à frente. Não vale a pena, digo-me. Aguenta as ideias, lê mais e vê se elas continuam a ter pernas para andar, daqui a mais umas leituras.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Crianças vs artigo

As crianças estão em casa e o artigo em construção não consegue compatibilizar-se com elas.


Não posso deixar de invejar os colegas mais velhos, cujos filhos já não passam o tempo a pedir brinquedos e atenção.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Como dar melhor do que o melhor?

Último recado da coordenadora sobre os nossos artigos: deverão ser do género dos que fizemos durante o curso de Mestrado, mas, uma vez que agora estamos no Doutoramento, com mais conhecimentos, mais aprofundados.

Sinceramente, não sei fazer melhor do que fiz no Mestrado. Releio o que escrevi na altura e encolho-me perante a erudição que transparece daquilo, perante a quantidade de títulos da bibliografia, que agora pouco ou nada me dizem, passados dez anos.
Único consolo: pensar que os outros também se sentirão assim, não só perante os seus trabalhos, que lhes parecerão escritos por um sábio que não reconhecem em si próprios, mas perante os textos académicos alheios, cuja pomposa verborreia parece sempre evidenciar uma saturação de conhecimentos, mesmo quando assim não é.

O segredo, portanto, está na verborreia.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Finalmente: um dia na BN

Ah! Que maravilha!
Nunca pensei sentir-me tão bem na grande e silenciosa BN.
A verdade é que me tinha esquecido de como se está bem naquele ambiente tranquilo, em que tudo e todos cumprem o mesmo objectivo: a leitura.
Chamem-lhe sarcófago, digam o que disserem, a BN é o melhor ambiente de trabalho que eu poderia desejar. Até os funcionários parecem estar mais simpáticos, se bem que nem a antipatia deles me incomodaria um pedacinho. É que na BN o meu telefone não toca e, melhor ainda, não há camas para fazer, loiça para lavar, roupa para dobrar ou refeições para cozinhar! É a liberdade total e todo o tempo que eu quiser para, simplesmente, LER. Sem distracções, sem desculpas, sem rodeios.
Como resultado, despachei o Sílvio Lima de uma assentada - literalmente! - e ainda ataquei os Cadernos (obrigada, Papel Químico, mas parece que já não vou precisar dos teus!).
Mal posso esperar pela próxima sessão de retiro espitirual.
Sobretudo - e acima do ambiente - estar na BN permitiu-me recuperar aquela sensação de prazer enorme que se tem quando aquilo que estamos a ler se relaciona com o já lido, e começamos a tecer na cabeça uma rede tão envolvente de relações e ideias, que nos abstraímos por completo do tempo, do espaço, quase de quem somos. E construir um texto académico é isto: criar uma rede de raciocícios que liga, de uma forma nova e original, os raciocínios alheios. Citamos, não para nos colarmos aos outros e assim escondermos a falta de ideias próprias, mas para mostrar como os outros dialogam entre si, sem suspeitarem disso, na medida em que existe entre as suas ideias uma ligação que NÓS DESCOBRIMOS.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Acabou-se a procrastinação

Andei para aqui a dizer mal do curso, agora é bem feito: afinal não vou ter direito aos 40 créditos pelo Mestrado, mas apenas a 20 (o que já é uma sorte!). Isto significa que, dos 4 seminários deste ano, tenho de fazer dois. Portanto, agora não há desculpas para protelar a escrita do artigo para avaliação, a entregar em Janeiro.
O meu problema não é tanto a escrita, mas tudo o que tenho de ler antes de poder começar a teclar furiosamente, para preencher 15 páginas de brancura. Se por um lado me faltam ideias para começar já a criar o meu texto, por outro (é giro:) assim que começo a ler, dá-me logo vontade de começar a escrever, inspirada pelo que leio!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Não é por nada...

... mas a mim parece-me que é para não terem de pôr mais professores a dar aulas (ou os mesmos professores a dar mais aulas) no curso de doutoramento que o mês de Janeiro ficou reservado para as avaliações.
Quer isto dizer que, num semestre que supostamente tem 15 semanas, só há aulas durante 9 (amanhã é o último dia). As próximas aulas são para os alunos apresentarem os seus trabalhos.
Pois! Obrigadinha... Só espero que alguns alunos tenham de facto os trabalhos prontos no dia 8!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A ficha de leitura

A ficha de leitura é um instrumento fundamental de trabalho, mas é pessoal na medida em que cada um a faz de acordo com as suas necessidades, os seus objectivos e até os seus gostos.
Eu, por exemplo, nunca fui de comprar aqueles cartõezinhos com linhas (parecidos com as fichas bibliográficas, mas maiores) que os meus professores pareciam considerar material sine qua non para fazer fichas de leitura dos textos que liam.
Se o grande propósito da ficha de leitura é registar o que nos interessa do que lemos, de forma a evitar termos de ler tudo novamente para o encontrar, então qualquer papel serve, desde que seja prático e eficaz.
Portanto, hoje voltei ao meu antigo método do mestrado: papel A/4 com linhas e numerado à mão. Vou aproveitar o caderno dos seminários (que acabam na próxima semana) e... mãos à obra!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Artigo 1

Depois de a minha pele à roda dos olhos ter manifestado o primeiro ataque de ansiedade claramente causado pelo doutoramento, decidi: não posso continuar a permitir que o pânico aumente por não saber o que vai ser da minha vida nos próximos dois meses, no que respeita aos seminários (por outras palavras, se a maldita creditação me vai permitir livrar-me deles ou não). Se tenho de esperar mais uma semana para saber notícias sobre o processo, não posso esperar de braços cruzados e arriscar-me a perder ainda mais tempo, caso a avaliação seja obrigatória.
Pensei num tema para um artigo, que foi rapidamente aprovado pelo orientador, e preparei uma bibliografia. Agora vou lendo os textos que já tenho, enquanto espero que a Amazon me envie os outros. Aquele primeiro continua intransponível, mas o segundo, que chegou ontem, é mais compreensível para mim. E com o trabalho encarrilado, os sinais exteriores de ansiedade começaram logo a melhorar! O corpo é realmente uma máquina fascinante...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Reencontro

As aulas dos seminários de hoje foram dadas pelos meus professores preferidos da licenciatura, cujas aulas tive o prazer de frequentar há... 19 ANOS????

Estou chocada.


Em todo o caso, e choques à parte, foi muito bom revê-los e sobretudo... reouvi-los.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Leitura difícil

A verdade é que não vejo grande interesse no texto. Se eu soubesse, ou sentisse, que o conteúdo que mal consigo descortinar naquelas linhas é importante para mim, talvez me aplicasse mais na leitura.
E agora vejo, na prática, o que explico em teoria aos meus alunos: se o leitor não sabe o que se espera dele, se não tem uma tarefa de leitura objectiva, pode sentir-se fortemente desmotivado perante o texto. Ah, pois pode!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Boi a olhar para palácio

É como me sinto, quando tento ler o texto «The essay as form» de Theodor Adorno. Uma frustração! Percebo as palavras, mas escapa-me o sentido de frases sucessivas, como se todo aquele discurso estivesse muito acima da minha capacidade intelectual. E deve estar mesmo. Por isso pergunto-me, pela primeira vez de muitas: será que vou conseguir fazer isto?

sábado, 28 de novembro de 2009

Uma ilustre visita

Veio ler este blogue uma ilustre visita, que eu já tinha tido a felicidade de conhecer noutros lugares virtuais, e que agora fiquei a saber ser professor de Metodologias de Investigação.
Fez-me lembrar o meu primeiro mestre nesta área, o Professor Artur Anselmo (que o L. Alves de Fraga talvez conheça) e fiquei agradecida pelos seus bons conselhos.
Mas o que escrevi nos comentários é verdade: apesar de poder parecer leviana e despropositada a minha intenção de encontrar um título para a tese neste primeiro ano do curso, a verdade é que o meu trabalho não está propriamente no início. Trata-se, antes de reciclar e aumentar um estudo que fiz em tempos e que me deu, há anos, a vontade de concretizar este sonho.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Iupiiii!

Acabaram-se os relatórios!!
Recebi resposta da coordenadora a dizer que, independentemente de o meu pedido de creditação ser deferido, não preciso de entregar mais relatórios, pois os que fiz já demonstram que tenho capacidade de síntese. E esta, hein?!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Título

O título do trabalho final de investigação deve ser sugestivo e rigoroso ao mesmo tempo, além de original, claro.
Ocorreu-me um, mas como ainda não escrevi uma linha para a tese, talvez seja cedo para pensar que é definitivo. Em todo o caso, aponto-o. Pode vir a ser perfeito!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sono

Perante a imensidão do trabalho que tenho pela frente, senti-me perdida e... fui dormir.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A má biblioteca que temos

Numa aula dedicada ao tema das bibliotecas (por causa do conto de Borges e de um outro, que lemos e comparámos - interessante), falou-se de bons e de maus exemplos. A nossa Nacional foi referida como mau exemplo por uma série de razões: o leitor, em lugar de ser bem acolhido, é tratado como um intruso, o tempo de espera pelos livros é imenso, as fotocópias custam os olhos da cara, etc.
Depois dessa aula, em que na verdade não aprendi nada que não soubesse sobre a BN, ainda tenho menos vontade de ir para lá. Mas preciso de me mentalizar, porque não tenho outro remédio senão passar dias inteiros enfiada na sala dos microfilmes, a ler as tais teses que já existem sobre o tema que me interessa. Haja paciência!

sábado, 21 de novembro de 2009

O problema da tese

Por mais que precise de não me preocupar, preocupo-me.

Se bem me lembro, quando estava a frequentar a parte curricular do mestrado nunca me preocupei com o facto de não ter uma ideia do que iria fazer na tese. Pelo contrário, achei natural e vantajoso aguardar que os seminários me inspirassem. E inspiraram. Nunca duvidei da minha capacidade para, no momento certo (e não tarde de mais) ter a ideia, ver a luz.
Agora, invejo quem fui.
Não sou capaz de assistir aos seminários com essa tranquilidade, com essa confiança, aguardando pacientemente pelo momento do clique. Lá bem no fundo, dentro da minha cabecinha, há sempre uma voz a dizer: «toda a gente já tem uma ideia, já está a avançar com a tese. Menos tu, minha choné. Então?! O que é que vai ser? Não há tempo para esperar!»
Às vezes sou capaz de responder: «cala-te! Claro que há tempo. Tem paciência, está bem? Acalma-te, senão já sabes que ficas com os olhos todos esquisitos e comichão nas pálpebras. É isso que queres?» Mas outras vezes começo a ceder ao pânico, a dar ouvidos à voz. E a única coisa que me apetece fazer é dormir.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Falta

Pronto, "baldei-me" a uma aula.
Nunca gostei de faltar às aulas, nem mesmo no liceu. Quando cedia à vontade dos meus colegas, só para não me sentir excluída da turma, sentia-me excluída de mim própria, por estar a agir contra a minha vontade. É que eu penso que as aulas valem sempre a pena, mesmo que quando é para concluir que não valeram a pena - não sei se me explico.
Neste caso, faltar à aula foi desperdiçar a oportunidade de fazer um dos 4 relatórios obrigatórios para avaliação. E porque desperdicei eu essa oportunidade? Porque não havia o primeiro seminário (profe doente) e o segundo era com uma professora que eu já tinha ouvido na aula anterior e sabia que não tinha nada de especial para dizer. Nem o tema me interessava, nem me apetecia sair de casa com chuva para a ouvir das 20 às 22. Quanto ao relatório, pensei: que se lixe! É provável que consiga a creditação e nem tenha de fazer este seminário.
No entanto, ficou-me um sentimentozinho de culpa, como se tivesse faltado ao respeito à pobre senhora, que foi lá dar o seu melhor. Mas isso é estúpido! Nem eu tenho de me sentir culpada, nem ela foi lá dar o seu melhor, provavelmente...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Leituras

Acumulam-se na minha primeira bibliografia títulos de livros ou teses que ainda não li.
Em vez disso, leio o Priorado do Cifrão, que não interessa nada, mas que me diverte.
Porque é que as leituras de obrigação, só por serem de obrigação, nunca apetecem?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Primeira pesquisa bibliográfica

Antes de mais, é fundamental ver que teses já foram publicadas sobre o mesmo assunto. Preparei-me mentalmente para encontrar títulos muito parecidos com aquele que eu sonhei para a minha, respirei fundo e abri o catálogo da Porbase.
Fiquei impressionada com a eficácia da coisa: num instante se cria uma lista que se pode enviar por e-mail (para nós próprios), o que permite assim, facilmente, importar os dados para um ficheiro no Word e ficar com um primeiro esboço da bibliografia.
Quanto às teses, era inevitável... existem 6  :(

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tábua de salvação

Se não tivesse a possibilidade de recorrer ao meu orientador de Mestrado, que prontamente aceitou voltar a trabalhar comigo, por esta altura já estaria em vias de desesperar.
A professora do departamento que se ofereceu para me orientar não tem pinta de quem gostaria que eu escolhesse o tema que escolhi, é quase de certeza das que preferem que se trabalhem autores mortos e enterrados. Mas o meu antigo professor não é assim, felizmente. E ontem, depois de ter ido falar com ele (pela primeira vez, desde que aceitou orientar-me), senti-me como um náufrago que, finalmente, consegue agarrar-se a um pedaço de algo flutuante!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caim

Acabei de o ler. Tem duas ou três passagens que me vão interessar para a tese, se a chegar a escrever (nunca se sabe). Sinceramente, estava à espera de algo mais surpreendente, mais abalador. Se a Igreja se revolta tanto contra aquilo que condena como sendo uma "manobra" para vender livros, eu acho que é a própria Igreja, ao dar tanta importância ao que Saramago diz sobre o que escreve, que o ajuda a vender.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jogando pelo seguro

Pronto, está bem, eu continuo a fazer os relatórios. Afinal, nem sei se vou conseguir a creditação (e, caso a consiga, quando é que isso vai acontecer), nem sei se terei de pagar ou não para me livrar de frequentar os seminários.
Se não sair o tal despacho que torna gratuitas as creditações, vou mesmo ter de ser avaliada por estes seminários, por isso é melhor ir agindo como se nada fosse, ou seja, ir prevenindo e entregando os relatórios atempadamente.
Se no fim de contas não servirem para nada, paciência. Servem para me moer a paciência. Uma espécie de provação... faz sempre bem. It builds character!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Encruzilhada

Cara professora coordenadora,

pelo que me disse, é muito provável que eu consiga obter a creditação necessária para não precisar de frequentar os seminários em que estou inscrita. Assim sendo, não precisarei de continuar a preparar relatórios para avaliação, certo?
Neste momento, confesso, não sei o que hei-de fazer: se me atiro à aborrecida tarefa de redigir os dois relatórios das aulas de ontem, se faço outras coisas bem mais urgentes que tenho para fazer.
Por favor, não me dê mais uma resposta vaga, do tipo "soube que está para sair uma lei que vai tornar a creditação gratuita, mas não tenho a certeza". Diga-me, de uma vez por todas, que NÃO É PRECISO ESCREVER MAIS NENHUM RELATÓRIO INÚTIL!
Obrigada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Verba volant...

Hoje a experiência foi mais intensa. As professoras conquistaram-me pela forma arrebatada com que discorreram energica e ininterruptamente sobre os seus temas. Senti, no entanto, uma certa angústia antecipada, a certeza de que nunca lhes chegarei aos calcanhares em erudição e capacidade de reter tudo quanto foi lido, visto, pensado, analisado.
As suas palavras voaram pelas duas horas em que cada uma nos inundou de ideias, leituras, sugestões, implicações, saber, referências. Difícil registar tudo o que disseram, pela velocidade vertiginosa com que o faziam e porque me parecia importante ouvir, digerir, perceber, além de escrever.
Tenho a cabeça a andar à roda. Quero dormir, para apaziguar a minha consciência!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Manicómio académico

Decididamente, o Fernando tem razão: estou a frequentar um manicómio.

Acreditam que hoje recebo um e-mail da coordenadora a avisar-me que as creditações serão gratuitas em breve, quando sair um despacho que, supostamente, abrangerá o meu pedido?!
Já não sei em quem acreditar. Num dia, o gabinete de pós-graduações diz-me uma coisa, no dia seguinte a coordenadora do doutoramento diz-me outra. Ou vice-versa. Parece que estão a gozar connosco!
Não me surpreenderia que amanhã a coordenadora me enviasse outro e-mail a desmentir o de hoje, ou que o tal despacho determinasse que as creditações, afinal, aumentariam de 10 para 25 euros por crédito!
O que vale é que assim não há monotonia. Cada dia reserva-me uma surpresa, nesta saga do meu doutoramento...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CREDITAÇÕES À BOLONHESA

Como fui ingénua!
Surely you didn't think something was for nothing...

Então  a faculdade iria fazer-nos algum FAVOR?
Claro que não. A formação anterior (ou seja o curso de mestrado) só será creditada (ou seja, só representará a dispensa da parte curricular do doutoramento) mediante o pagamento da módica quantia de 10 EUROS por CADA CRÉDITO. Ora, como cada seminário vale 10 créditos, se eu quiser ficar dispensada dos 4 seminários do doutoramento, por ter feito seminários de um mestrado "pré-bolonha", terei de pagar 400 euros.
Por outras palavras, pagamos 4800 euros pelo curso de doutoramento, mais 400 euros para NÃO termos de frequentar as aulas. Isto compreende-se?
Escapa-me aqui qualquer coisa, ou esta história toda dos créditos de Bolonha serve para encher os cofres das universidades?
O meu marido acha que, quando me falaram em créditos, eu devia ter dito que não estava no casino a pedir fichas para jogar...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Notícias de última hora!

A coordenadora do Doutoramento acaba de me enviar um e-mail a comunicar que, até dia 30, posso requerer a "creditação da minha formação anterior", por ter feito um mestrado anterior às mudanças trazidas pelo Tratado de Bolonha. A expressão, tipicamente bolonhesa, traduzida em miúdos significa que posso ser dispensada de frequentar a parte curricular do doutoramento. Agora é que nos dizem isto??
Bem, o ditado aplica-se: mais vale tarde... afinal, ainda só fiz dois relatórios para avaliação! Além de que posso nem sequer conseguir a tal dispensa. LAGARTO, LAGARTO!!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

PowerPoint? LOL...

Primeira impressão da segunda profe que ontem entrou na sala: dá-se desnecessariamente ao ridículo por pensar que é mais esperta do que os outros. Explico: entrou a troçar amigavelmente do profe da aula anterior, que ainda estava a escrever no quadro o seu endereço electrónico, pelo facto de o dito endereço se iniciar com as letras "lol". Perante a incompreensão dele, explicou: «"lol" quer dizer "palerma, tolo", pá! O teu filho não te explicou isso?»
O outro ficou admirado, mas não se deixou incomodar. Despediu-se e saiu. Eu tive vontade de corrigir a senhora doutora, esclarecendo que LOL é um acrónimo que significa "Laugh(ing) out loud" e apenas quer dizer que a pessoa que o usa em mensagens escritas se está a rir, mais nada. Mas que se lixe! Eu também sou assim às vezes, com a mania que sei mais do que os outros. People are just mirrors of yourself, remember?

Além disso, ela era bem intencionada. Teve a honestidade de assumir que estava ali, não para nos esclarecer sobre assuntos que realmente fossem importantes para nós, mas para que a aturássemos, simplesmente porque tinha de ser. Foi um alívio para todos.
Quanto à sua aula, podia ter sido pior. A senhora é simpática e exprime-se bem, sendo evidente que tem pela disciplina o gosto desmedido que justifica a sua dedicação a uma causa "perdida" e que nos levou a sentir uma ponta de curiosidade e interesse pelo assunto, mesmo considerando que, para a maior parte de nós, aquilo não nos dizia nada.
Pena é que os so-called "diapositivos" que mostrou estivessem todos (mais de 10) pejados de gralhas sintácticas e frases obscuras e teimosamente mal construídas, denunciando a falta de jeito da docente para expor ideias em escrita clara e concisa - capacidade a que demonstrou não ser de todo insensível, pois chegou a elogiá-la em certos autores cuja bibliografia nos recomendou.
Felizmente, a professora deu-se ao trabalho de traduzir as suas próprias palavras projectadas na parede, de outro modo o bendito PowerPoint não teria podido cumprir a sua missão pedagógica...

E para que esta crítica não seja apenas negativa, aqui ficam os pontos a favor:
a) esta professora demonstrou capacidade de organização e preparou bem a aula (com excepção da revisão do PowerPoint!)
b) usou um método pedagógico adequado (falou em pé, num tom apropriado, projectou os tópicos...)
c) teve a preocupação de indicar bibliografia específica
d) dispôs-se a enviar-nos os ficheiros com a síntese da matéria por e-mail
e) preparou uma actividade prática para a próxima sessão, que promete ser bem mais animada

Concluindo: está perdoada! LOL...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Conselhos úteis

Irónico, o professor do primeiro seminário de hoje despediu-se com este conselho sobre o tema da tese, depois de ter criticado o "provincianismo cosmopolita" típico da mentalidade portuguesa: «vocês guardem-se da inovação, porque, neste país, quem diz novidades está mal!...»


A professora do seminário que tivemos logo a seguir concluiu assim: «escolham uma coisa de que gostem mesmo, que é para sofrerem menos, porque vai haver sempre uma altura em que vos apetece atirar com tudo contra a parede. E escolham um autor morto, enterrado... e sem baús!»

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Insegurança

Acabo de imprimir o primeiro relatório para avaliação, que entregarei à professora coordenadora na segunda-feira.
Olho para o que fiz e não tenho a certeza de merecer uma boa nota, simplesmente porque o poder de decisão não está nas minhas mãos.
Sinto-me insegura e vulnerável, como os meus alunos se devem sentir quando me entregam um trabalho ou fazem um teste. Agora compreendo-os muito melhor!
Nada como voltarmos à pele antiga, para não nos esquecermos de quem fomos. E do que os outros sentem, no lugar que outrora foi nosso!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um pouco por dia, todos os dias

Ao contrário do que o título sugere, hoje não fiz nada para o doutoramento.

Tinha pensado em seguir o lema "fazer alguma coisa para o doutoramento, nem que seja muito pouco, todos os dias", mas é óbvio que não vou conseguir. Em quatro anos, isso seria uma loucura. Pior, levar-me-ia certamente à loucura.

Mas a verdade é que ainda posso fazer qualquer coisa hoje: estou a ler o Caim de Saramago e acho que ainda consigo adiantar duas ou três páginas antes de me deixar vencer pelo cansaço deste dia particularmente longo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reclamação


Recebo resposta do subdirector da faculdade a dizer-me que a minha reclamação tem toda a legitimidade e que vai zelar para que a situação seja corrigida. Na segunda-feira, supostamente, já teremos 20 lugares, canetas novas para o quadro e apagador. Uau!



Terceira aula

Um professor monocórdico discorre, sentado, sobre a filosofia patente na poesia de Fernando Pessoa. O conteúdo é interessante, mas difícil de absorver, sobretudo quando não se conhecem alguns conceitos filosóficos e nomes de filósofos contemporâneos.
Ocasionalmente, ele levanta-se para escrever no quadro um termo grego ou alemão, indiferente à falta de tinta da caneta e usando, quando necessário, um lenço de papel para apagar o quadro.
Os alunos atrasados, como já vem sendo hábito, têm de ir buscar uma cadeira à sala de estar e tomar notas no colo.
Faço uma nota mental: «escrever e-mail ao gabinete de pós-graduações a reclamar melhores condições de trabalho nas salas».

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Empresta aí...


Duas colegas vieram pedir-me os apontamentos da aula passada. Não sou capaz de dizer que não, mas detesto ser usada, se for esse o caso. Há sempre (mesmo nos doutoramentos!) alunos "parasitas", que se aproveitam do trabalho dos outros... e neste curso, em que é obrigatório fazer relatórios das aulas para avaliação, não me apetece nada oferecer os meus apontamentos a desconhecidos.

Pelo sim, pelo não, saí mais cedo da aula de hoje e pedi a uma delas que depois me facultasse os seus apontamentos...


A bibliografia



A bibliografia é o início e o fim de todas as coisas, na investigação.

Nos casos mais extremos, é também o meio - ou seja, é mesmo tudo.

Não no meu, que gosto de inventar (até de mais). No meu caso, a bibliografia é um mal necessário.





domingo, 18 de outubro de 2009

A bola está do meu lado


Talvez por gostar de jogar ténis, uso frequentemente esta imagem para perspectivar as minhas obrigações profissionais: se a bola está do meu lado, não há que perder tempo, tenho de a lançar para o lado oposto.

Neste momento, há um bola do meu lado da qual não me é fácil desembaraçar-me: o orientador gostou da minha ideia inicial, mas eu tenho de a desenvolver e preparar algo mais consistente para lhe mostrar. O problema é que não sei bem como... por onde começo?!

sábado, 17 de outubro de 2009

Second thoughts


É engraçado como aqui, no blogue, os meus registos sobre a experiência das aulas se têm tornado essencialmente negativos. É natural, pois serve este lugar para eu poder desabafar e queixar-me de tudo o que não corre bem, do que não corresponde às minhas expectativas, daquilo em que eu própria falho, também.

Os relatórios, porém, não podem espelhar a mesma perspectiva crítica - por uma questão de prudência. Assim, dei comigo à procura dos aspectos positivos da primeira aula (para que o respectivo relatório seja "academicamente correcto") e fui capaz de encontrar alguns.
Resta saber se foi uma questão de boa vontade, de justiça ou de imaginação...




sexta-feira, 16 de outubro de 2009

1.ª Missão cumprida


Ontem consegui começar e acabar o relatório da primeira aula. Parece uma espécie de acta, sem aquelas fórmulas chatas tipo "aos doze dias do mês tal do ano tal", tudo por extenso. Por acaso, não me sinto nada segura a escrever relatórios, eu, que adoro escrever todos os tipos de texto (menos actas). Nunca sei muito bem como é suposto organizá-los e redigi-los, e a informação que consulto parece-me demasiado específica, cingida a uma espécie particular de relatório e não necessariamente aplicável a outra.

No entanto, algo me diz que a correcção, ou avaliação, destes relatórios não vai ser muito exigente. Aliás, ficarei surpreendida se a coordenadora do curso se der MESMO ao trabalho de ler crítica e atentamente 8 relatórios multiplicados por 20 alunos, todos com o mesmo conteúdo! (Boooooooring!) Mas posso estar enganada. É bom que me vá sempre prevenindo e que comece a refrear esta atitude irritante de quem sabe mais do que os outros. O que é que se passa comigo para estar a exibir esta falta de modéstia? Até parece que, só por ser professora, me sinto melhor do que os outros...
PLAF! Chapada na minha própria cara!




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Relatório do 1.º módulo


Uma vez que será obrigatório entregar pelo menos quatro relatórios (de quatro módulos) de cada seminário para avaliação, e conforme sugestão da coordenadora, vou começar já a preparar o primeiro relatório, embora ainda só tenha tido uma aula (cada módulo tem duas).

O meu lema é fazer de imediato o que for possível para adiantar trabalho. Por outras palavras, não deixar para amanhã o que puder fazer já.

A coordenadora deixou claro que devíamos incluir contribuições nossas nos ditos relatórios, pelo que me apetece alternar o relato das matérias dadas com críticas e sugestões para melhorar o conteúdo e/ou a metodologia adoptada. Mas é melhor manter um low profile e guardar as opiniões (sobretudo as negativas) para quando tiver o diploma na mão...

Parece-me que os relatórios críticos disponibilizados na página Web da DGIDC (Ministério da Educação) são um bom exemplo daquilo que se pretende, por isso vou tomá-los como modelo.




quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Segunda aula


Sem saber quem iria ser o docente, porque não tomei notas na sessão em que a coordenadora leu os programas dos seminários, fui para a faculdade com curiosidade. De que iria falar a pessoa responsável por dar a primeira aula do primeiro módulo do primeiro seminário?
Cheguei à sala e fiquei surpreendida: alguns colegas já estavam sentados, mas... não havia uma única mesa! Quando a professora chegou (de onde é que eu a conhecia?), teve de pedir a um segurança que lhe abrisse outra sala. Lá fomos todos corredor fora, para um sala com mesas e cadeiras, mas muito abafada e, tal como a primeira, sem apagador para o quadro.
A professora (de certeza que já fui aluna dela... mas quando? E em que disciplina?) começou por lamentar o facto de ter direito a apenas duas aulas para leccionar toda a matéria que nos poderia dar, se tivesse um semestre inteiro só para si. Mas depois parecia não ter pressa de introduzir os assuntos... quis que cada um se apresentasse, e até aí tudo bem. Mas quando propôs que cada um falasse sobre a sua ideia para a tese, eu insurgi-me cordialmente contra: «já fizemos isso na segunda-feira...» Afinal, havia ali pessoas que tinham feito mais de 100 quilómetros para assistirem a uma aula. As apresentações não podiam suceder-se, de cada vez que tivessemos um professor novo! (Não foi isto tudo que eu disse, é claro. Felizmente, não foi preciso).
A docente propôs-se então "levantar questões metodológicas" e deixar para a aula seguinte aspectos relacionados com a investigação de espólios. Mas o que fez foi simplesmente esclarecer, de forma nada metódica, mas antes ao sabor da lembrança e da conversa, aspectos relacionados com a referenciação bibliográfica nas teses - os quais, naturalmente, alunos que fizeram teses de mestrado já dominam. Coisas banais, do tipo «o título da obra põe-se em itálico» e «as notas de rodapé servem para fazer explicações marginais ou apresentar a tradução de um texto citado em língua estrangeira». Muito pouco se aproveitou, embora houvesse um ou outro esclarecimento que os meus colegas pareceram registar com relativo entusiasmo.
Quando faziam perguntas interessantes, do tipo «mas quais são as mais recentes normas de referenciação, as internacionais, a que devemos agora aderir, tendo em conta os pressupostos de Bolonha?», ou «como é que devemos fazer a referência de uma página Web consultada na bibliografia?», a resposta era imprecisa: «há várias normas... há várias maneiras...».
Sinceramente, fiquei desiludida. Não quero estar aqui a dizer mal do curso, mas custa-me aceitar que as "questões metodológicas" se fiquem por isto. Penso que um docente que se proponha leccionar seminários de Doutoramento deve partir do princípio de que não vale a pena ensinar aos alunos o que eles já devem saber. Se há tanta coisa que de facto merece ser ali esclarecida (aspectos mais actuais, como a referenciação de fontes on-line), porque é que a professora não levava esses esclarecimentos? E porque não planificou a aula, de forma a rentabilizar o precioso tempo, que afinal desperdiçou?
Só posso fazer-lhe um elogio: teve uma postura honesta e humilde. Mas não chega!





















SIM!!!

Que bom!!! Ainda nem passaram duas horas desde que lhe escrevi e o Professor já me respondeu a dizer que não só estava disponível para me orientar, como gostava da minha ideia inicial.

Estou feliz :))

O orientador


Um dos meus professores da licenciatura, que leccionou Literatura Portuguesa II (ou seria III? Já nem sei...), foi também meu orientador de mestrado.

Considero-o um excelente orientador, porque demonstrou todas as qualidades que eu esperava e mais algumas.  Forneceu-me preciosas indicações bibliográficas, acompanhou atentamente o meu trabalho e fez uma revisão impecável do que escrevi, pejada de sugestões que em muito contribuíram para melhorar a minha tese.
Na defesa, esclareceu-me sobre o que devia dizer e nem sequer levou a mal que eu, por nervosismo e estupidez, me tivesse esquecido de agradecer publicamente a sua orientação.

Acabo de lhe enviar um e-mail a perguntar se há alguma hipótese de me orientar no doutoramento. Só espero que a sua resposta seja sim!
É verdade que já houve uma professora do departamento que se disponibilizou para me orientar (sem me conhecer e sem saber qual será o tema da minha tese!).
Mas começo a perceber que vou ser aconselhada a virar-me para a Literatura, que é MUITO MAIS IMPORTANTE do que o ensino do português puro e simples («um bom professor de português ensina a língua através da literatura»), por isso começo a achar que o professor Ceia tem o perfil que eu (conheço e) quero: alguém de literatura com interesse nas questões do ensino e vocação para a didáctica. Isto acrescido do facto de já em tempos ter falado com ele sobre uma ideia para uma possível tese de doutoramento em literatura e de ele se ter mostrado disponível para me orientar. Talvez possa retomá-la e unir o útil ao agradável.
Decidi: só se ele não puder ou não quiser ser meu orientador é que me viro para o plano B.






Bibliografia


A única bibliografia da qual me foi dado conhecimento até agora foi a do seminário de especialidade (em Ensino do Português). São 5 títulos que só com muita imaginação seria capaz de relacionar uns com os outros. Só consegui comprar três:

The Learning Strategies Handbook

Processamento de frases em português europeu: aspectos cognitivos e linguísticos implicados na compreensão da língua escrita

Cânones literários e educação: os casos angolano e moçambicano

O primeiro é muito acessível e prático. Parece-me um livro tipicamente americano: tudo muito bem explicadinho, muito repetido (para não dizer repetitivo), para que toda a gente consiga perceber. Basicamente, expõe-se até à exaustão a forma como se podem e devem utilizar as aulas de língua para ensinar aos alunos estratégias de aprendizagem, que optimizarão a sua assimilação dos conteúdos.
O segundo é uma tese de doutoramento e adorei a forma como começa (primeira frase). No entanto, a partir daí, começou-se a tornar muito difícil para a minha cabecinha. Só espero não vir a precisar muito dele, porque acabei por emprestá-lo à minha colega de linguística!
O terceiro não sei, porque ainda não peguei nele. Vou pegar agora!





Avaliação


A avaliação também não estava definitivamente pensada, percebemos nessa sessão. Mas a coordenadora tinha um plano quase maléfico para nós!

Depois de nos ter lido o programa das sessões dos dois módulos do primeiro semestre, do qual ressaltava a evidência de que os diferentes professores iriam falar, cada um, dos respectivos trabalhos de doutoramento, sem que houvesse um fio condutor, uma temática comum, atrevi-me a perguntar: «Mas como será feita a avaliação dos seminários, quando eles são compostos por módulos tão distintos?»
Ah, exactamente.... a avaliação é muito difícil. Pois.
Então a coordenadora tinha pensado nisto: faríamos, todos, um relatório de cada módulo, a entregar-lhe cada vez que começasse o módulo seguinte.
Claro que os alunos que sabiam que teriam de faltar se insurgiram contra um sistema de avaliação que obrigava à presença em todas as aulas. Então a coordenadora cedeu, estabelecendo um número mínimo de relatórios: 4 para cada seminário. Eu pedi: «Ninguém faz mais do que 4, está bem?!» Risos.
A coordenadora explicou: em texto corrido, sem ser tópicos, e com as vossas contribuições, não apenas com a transcrição dos assuntos abordados pelo professor. É bom que se habituem a escrever muito, com rigor e também com rapidez. Isto é muito importante.
Mas havia mais!
A 8 de Janeiro, teremos de entregar dois artigos de 15 páginas, um para cada seminário. Sobre quê, se os temas dos seminários são tão diversos? Um qualquer que vos interesse! E esses artigos serão apresentados e discutidos nas aulas de Janeiro, com vista à avaliação nos seminários. É que a frequência na parte curricular do curso dá direito a um diploma em Estudos Avançados. A avaliação fica assim, portanto, mais do que justificada.

Mas o melhor ainda está para vir: no final do segundo semestre, teremos de apresentar e defender publicamente o capítulo inicial da nossa tese, ou o respectivo plano, perante um júri de 4 elementos: 3 internos e 1 externo à faculdade. É a avaliação do chamado "Trabalho Final de Curso". Meu deus, o que me espera!!
Finalmente, 4 semestres depois de se iniciar a fase da tese, temos de apresentar um relatório do trabalho adiantado, sobre o qual será emitido um parecer escrito, com eventuais sugestões.

Com toda a negociação que se gerou a propósito da avaliação, acabámos por nos rir. E o riso misturou-se com uma certa incredulidade e algum desespero quando a coordenadora teve este deslize: «no fundo, a avaliação não serve para nada». Como???
E o tempo passou, até que chegou a hora de dispersar. Esperemos que a próxima sessão seja uma verdadeira aula, digna desse nome.







Primeira "aula"


O primeiro seminário começa na segunda-feira, dia 12, conforme o previsto. Certo?

Mais ou menos. Em vez de um seminário propriamente dito, temos uma sessão de esclarecimentos sobre o curso, com a coordenadora. À porta da sala, a "turma" entreolha-se, curiosa. Alguns começam a falar do problema das opções, que ainda não escolheram. Uma senhora pede desculpa por se intrometer na conversa, mas parece que tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. Hesito entre ouvir apenas e meter conversa com eles. Acho que é bom dar-me a conhecer logo no primeiro dia, ser simpática e prestável. Porque não?
Meto-me na conversa, segundo pedido de desculpas. «Já escolheram as vossas opções?» Eles dizem que não. «Mas podem ser feitas no segundo semestre, certo?» Eles dizem que não, que foram informados de que teriam de frequentar a opção no primeiro. Explico que, na matrícula, me foi permitido deixá-la para o segundo. Aliás, expliquei, é o que faz sentido, porque no primeiro semestre todos os cursos têm seminários iniciais muito semelhantes (varia apenas o tema de fundo). Os seminários interessantes para nós escolhermos são todos das especialidades, que começam apenas no segundo semestre. Bem visto, parece. Mas eles não estão convencidos de que se podem inscrever só em Janeiro.

Entramos ordeiramente na sala. Sento-me de lado, as mesas estão em U. Mas depois arrependo-me, porque não vejo a professora, nem o quadro. Mudo de lugar, enquanto é tempo.
Há colegas que chegam atrasados e vão entrando aos poucos. A certa altura, acabam os lugares sentados: não há cadeiras nem mesas que cheguem para os 20 alunos que acabam por ali estar. Os últimos têm de voltar a sair para ir buscar uma cadeira à sala de estudo.
A faculdade não sabia que éramos 20? Sabia. Então porque nos atribuíu uma sala com 16 lugares? E pagamos nós 4800 euros...

A professora lê partes do regulamento e dá-nos informações que, como ela própria confessa, já nós sabemos ou podemos consultar na Internet. Olhamos uns para os outros com ar cúmplice. Parece-nos óbvio que ela está empenhada em entreter-nos apenas, durante aquelas primeiras duas horas de "curso". O pior é haver pessoas que vieram de propósito da Golegã e até de Leiria para ouvirem esclarecimentos banais ou incompletos.
Muda a estratégia: cada um apresenta-se e diz qual a especialidade que escolheu e a tese que quer fazer. Fico surpreendida ao constatar que a esmagadora maioria vai simplesmente aproveitar as respectivas teses de mestrado e esticá-las, para valerem um doutoramento. Quanto a mim, se a tese tem de ser um trabalho original, acho que isto não devia ser permitido. Mas adiante... são espertos e o sistema deixa, pelos vistos.
Chega a minha vez de falar e entusiasmo-me - para minha própria surpresa - com a ideia de voltar à literatura. Talvez tenha sido o facto de estar entre pessoas com esse interesse (não ouvi ninguém dizer que ia escolher Ensino do Português). Dou por mim a confessar que tinha o sonho de fazer uma tese sobre o Ensaio sobre a Cegueira de Saramago, mas que agora, coitada de mim, as minhas funções docentes me tinham afastado da literatura e obrigado a concentrar-me na língua. Então a coordenadora observa: mas a literatura é fundamental para o ensino da língua! E dá-me a entender que não é nada descabido fazer uma tese em literatura, mesmo na minha situação.


Quanto ao seminário de opção, confirma-se a confusão: a professora não sabe o horário nem quem será o docente do seminário de Investigação em Estudos Portugueses, que é a opção fornecida pelo departamento. Quanto às outras, aconselha-nos a andar pela faculdade a ver os títulos anunciados nos placards dos diversos departamentos, a ver se há algum que nos suscite interesse. E parece que sim, que podemos deixar a opção para o segundo semestre...

Torna-se óbvio que o departamento está a fabricar as regras do jogo à medida que ele avança. Somos cobaias, não restam dúvidas. E, se restassem, seriam dissipadas de imediato quando se falou da avaliação.














Matrícula


Preenchi os impressos necessários, entreguei a declaração da entidade patronal (para ter o estatuto de trabalhador-estudante) e as fotografias (pediam três, mas afinal a senhora só quis ficar com uma, as outras são para os cartões de estudante e de leitor da biblioteca, que eu terei de validar/requerer junto de outros serviços).

Perguntei se teria de me inscrever no seminário de opção. «Sim, sim. Tem de ser feito este semestre. Mas tem até ao fim do mês para escolher o seminário optativo, de entre a oferta dos cursos de mestrado e doutoramento da faculdade».
Mas a professora disse que não, que até era melhor deixar para o segundo... - expliquei eu. A funcionária conferenciou com outra e reformulou: «muito bem, pode inscrever-se na opção em Janeiro. Pode fazê-la no segundo semestre.» Ufa!
Uma questão: se as aulas começam no dia 12, como se justifica que eu possa escolher o seminário de opção até ao fim do mês? Isso significa que, quando eu começar a frequentar as aulas, elas podem ter já começado há duas semanas!
«Pois» - concordou a senhora. Mas que raio de lógica é essa? Encolhidela de ombros.

Sobressalto: no impresso de matrícula pediam-me o código da repartição das finanças e o NIB, duas informações que eu não tinha. Fiz um telefonema e a coisa resolveu-se, mas quando entreguei o documento a funcionária esclareceu-me que isso não era necessário. Ou seja, o impresso está desactualizado. Enfim... foi só um telefonema em vão.

Paguei e saí, satisfeita com o pequeno passo para fora do gabinete, que representava um grande passo na minha vida. A partir daquele momento, não haveria retorno. Se eu desistisse, ninguém me devolveria o dinheiro. Portanto, não podia desistir.






Segundas impressões


Antes de me matricular, pedi à coordenadora que me recebesse mais uma vez. Estava algo apreensiva por me ir meter num curso que custava tanto dinheiro sem saber de antemão duas coisas que, na minha cabeça, deviam estar pelo menos minimamente definidas: quem seria o orientador e qual seria a minha ideia de tese. Por outro lado, havia mais um aspecto a resolver: era preciso escolher um seminário de opção e eu não sabia qual poderia ser.

A coordenadora tranquilizou-me, sugerindo que eu falasse com uma professora que em princípio me poderia orientar na especialidade que eu escolhera: Ensino do Português. (Nesse dia, enviei-lhe um e-mail e ela respondeu muito cordialmente, afirmando que sim, que me orientaria).

Quanto à opção, podia fazê-la no segundo semestre. Eu tinha vontade de me inscrever num seminário que seria parcialmente leccionado pelo meu orientador de mestrado, mas era num curso que ainda nem sequer tinha sido homologado. Aliás, já tinha falado com ele, que me confessara não ter qualquer ideia concreta sobre quando iriam ser as aulas.
Fiquei a saber que, afinal, as aulas não começariam no dia 28 de Setembro, como estava previsto. Haviam sido adiadas duas semanas, para o dia 12 de Outubro. Desconfiei que fosse por falta de organização, por os próprios professores não terem ainda o curso devidamente preparado. Acho que estava certa...

Com alguma desilusão por causa do atraso no início das aulas, mas mais descansada com a ideia de me poder inscrever na opção apenas no segundo semestre, avancei para o gabinete onde iria matricular-me.

Ainda não sabia que, nessa mesma semana, receberia uma mensagem de e-mail da coordenadora a dizer-me que, afinal, tinha forçosamente de frequentar a opção no primeiro semestre!



A exorbitância

O curso de doutoramento vale a módica quantia de 4800 euros. Existem várias formas de pagamento faseado, para todos (99%?) os que não podem proceder ao pagamento do valor total no acto da matrícula.
Os felizardos que conseguirem beneficiam de um simpático desconto de 10%, pagando "apenas" 4320 euros, mais 30 euros do seguro escolar, etc. Ou seja, têm de pagar 4350 euros na hora, mas não pode ser por cheque nem dinheiro, só por multibanco. Até deita fumo!

Resultado da candidatura


Tal como previsto, os resultados foram publicados na página Web da faculdade, num edital em que o meu nome aparecia logo em primeiro lugar. Iupiiiiiiiii!

O edital desapareceu poucos dias depois, para nunca mais ser visto por aquelas bandas virtuais. Mas não faz mal, claro. Já fui admitida.


Candidatura


Candidatei-me no dia 9 de Setembro.

Fiquei levemente (na altura, bastante) irritada quando soube que era necessário pagar 50 euros pela candidatura. É que a minha amiga e colega que se inscreveu agora noutra faculdade pública paga 0 euros. Porquê esta discrepância?!
Lado positivo: a minha amiga teve de fazer um plano de tese com bibliografia para apresentar na candidatura. Eu apenas tive de escrever um texto fundamentando sumariamente a minha escolha daquele curso em particular. Alívio!

Existem novas instalações exclusivas para os doutorandos. Edifício remodelado, tudo novinho, a estrear. É lá que nos candidatamos, matriculamos, temos aulas, tomamos café e trabalhamos numa sala com computadores à disposição. A senhora que me atendeu era muito simpática e prestável. Informou-me que os resultados seriam conhecidos no dia 23.

Perguntei-lhe se era naquele edifício que se encontrava o centro de investigação aberto 24 horas por dia, para maior comodidade dos investigadores, que estava anunciado no site da faculdade. Ela franziu o sobrolho em sinal de total ignorância de tal anúncio. Talvez eu tenha visto mal...


Primeiras impressões


Matriculei-me finalmente (dez anos após a conclusão do Mestrado) num curso de Doutoramento.
Para meu azar, ou para minha sorte, ainda não sei bem, calhou-me o primeiro ano lectivo pós-Bolonha. Quer isto dizer que eu e os meus colegas somos as cobaias da faculdade, porque é a primeira vez que se abre um curso de doutoramento com os moldes que agora tem: uma parte curricular de dois semestres com quatro seminários obrigatórios.


No primeiro dia em que fui falar com a Coordenadora, fiquei bem impressionada e, sobretudo, feliz por ter voltado à minha velha faculdade, onde me sinto segura e à-vontade. Confesso que a novidade e a mudança nunca me fizeram sentir confortável e a ideia de ser aluna outra vez me estava a deixar um pouco ansiosa. Quando ela me mostrou o programa do seminário principal (o da especialidade), achei-o muito estimulante e fiquei com vontade de iniciar as aulas. Infelizmente, essas só começarão no segundo semestre.

Portanto, a primeira impressão foi boa: gostei da coordenadora, gostei do plano de estudos e fiquei com vontade de começar a frequentar as aulas. O facto de não ter ainda uma ideia de tese, para ela, não seria um problema. Muitos alunos de doutoramento começam sem saberem o que vão fazer, disse-me.

Quanto à candidatura, podia fazê-la com confiança. Com média de 16 no curso e Muito Bom no Mestrado, seria garantida a minha entrada. Óptimo. Ufa! Que alívio! Parecia estar tudo a correr muito bem. A nuvem negra que se tinha formado sobre a minha cabeça quando fora à faculdade de Letras na ideia de me inscrever em Linguística dissipou-se. Lá, os nomes dos seminários eram assustadores e fiquei apavorada com a ideia de, quase de certeza, vir a ter sérias dificuldades para acompanhar o raciocínio dos alunos linguistas: a minha formação em literatura não me fazia sentir nada à vontade naquele meio, por mais que me interessasse enveredar pela área, por motivos profissionais. Os Estudos Portugueses não me assustam. Parecem-me bem, acessíveis para mim.
Vamos a isto!