sábado, 30 de abril de 2011

Regresso às aulas

Eis que me inscrevo num curso de formação «ao longo da vida» organizado pela unidade de investigação a que estou agora associada. Pensei, na minha ingenuidade, que o título "Filósofos explicam a literatura" prometia pelo menos alguma elucidação.
A lição de abertura foi, para mim, uma tremenda desilusão. O professor convidado leu páginas intermináveis do que me pareceu ser uma colagem de ensaios que escrevera antes, a propósito de poemas e contos que ninguém ali tinha na frente, em prosa densa e erudita cheia de palavrões sonantes, tudo lido com uma rapidez vertiginosa (que no entanto se estendeu por uma hora) e pouco ou nada relacionado com o tema da lição.
Dei como desperdiçado o dinheiro que gastei para ali estar e resignei-me a sair em silêncio, em vez de barafustar, como se calhar devia, contra a péssima qualidade pedagógica do evento. Talvez as sumidades académicas se definam por isso mesmo: pela falta de jeito para ensinar e pela dificuldade que têm em traduzir a sua verborreia por miúdos que se percebam.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

De volta ao cut & paste...

Corta daqui e cola antes ali. É o que estou a fazer com aquilo que se aproveita do meu trabalho, à luz dos meus olhos de agora - que vêem um nadinha melhor do que viam no ano passado (os da mente, claro). Há muita coisa que, infelizmente, não se aproveita.
Confesso que estou desiludida com o que fiz e na altura me pareceu muito bem. Não por o ter feito, mas por ter achado que estava muito bem. Faz parte do processo, dir-me-ão. Estás a "crescer", é bom sinal! Pois, pois. Mas dói um bocadinho. Porque é como se, mais uma vez, voltasse à estaca zero. Muito bem, está tudo mal. Mas como é que eu faço melhor?
E isto enquanto tento reciclar o trabalho para o enviar como proposta de artigo para publicar na revista. Cada vez com menos esperança de que seja aceite, como é evidente.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Publicação?

Atrevi-me a enviar um resumo do trabalho que fiz no ano passado para uma revista da especialidade que estava a convidar investigadores a submeterem artigos para apreciação e posterior publicação. Recebi resposta a dizer que ainda estou a tempo (apesar de ter terminado o prazo de entrega de resumos), que ficam à espera do meu artigo.
Fiquei histérica de felicidade, embora, claro, o artigo possa vir a ser recusado.
Agora toca a reler o trabalho e a fazer as alterações necessárias. Será uma boa preparação para o primeiro desafio da tese, que é redigir o capítulo inicial, cujo conteúdo será semelhante.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A frase mais gira das leituras de hoje

«Mesmo no campo das ideias, nem sempre a monogamia é necessariamente sinal de uma falta de líbido.»

Sabem quem a disse? Foi num convénio sobre o símbolo que teve lugar em Siena em 1994.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Persistência assistida pelo clima

Dia de chuva serena, quase imperceptível. Impecável para ler e tomar notas, mesmo quando o livro é antipático. Estou apaziguada com ele e consigo até - pasmada - ver rasgos de beleza em certas frases caprichosas e altivas, que só dificilmente se deixam compreender.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Livros difíceis

Será que se aplica, como Pennac defendia para a leitura de romances, o direito de saltar páginas e de ler apenas algumas frases soltas aqui e ali (as que conseguimos compreender), para não andar a bater com a cabeça nas paredes tentando ler tudo, de uma ponta à outra?
Os livros difíceis deveriam permitir truques que facilitassem a passagem obrigatória sobre eles. Sobretudo, que garantissem a preservação da sanidade mental de leitores de capacidades limitadas, como eu.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Conversa inspiradora

Um amigo incentiva-me a ter uma atitude positiva em relação à tarefa de escrever uma tese. Não queres passar os próximos três anos em desespero permanente, porque tens de a escrever! Disciplina-te, organiza a tua vida de forma a que tenhas todos os dias um tempo para te dedicares - com prazer, já agora - ao trabalho de investigar e escrever. E fora desse horário, não penses nisso, descansa e relaxa. Se te ocorrer um motivo de preocupação nessa altura, toma nota, para te preocupares depois e não na hora do descanso! Disciplina, para controlar o stress. É boa ideia.
E é um teste engraçado: se tomar nota, por escrito, das coisas para me preocupar mais tarde, o mais provável é ter vontade de rir (e não de me preocupar) quando as ler depois.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Se os orientadores se votam ao silêncio....

...o melhor é ser eu a estabelecer os meus próprios objectivos a curto prazo, para não lhes dar (nem ter eu mesma) uma surpresa desagradável, quando se lembrarem de me perguntar o que tenho andado a fazer.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

And the countdown begins...

Chego a casa hoje e deparo com O e-mail da faculdade, aquele há algum tempo esperado, com um misto de medo e ansiedade:

« Informo V. Exa. que o registo do tema da tese de doutoramento, intitulada -------- foi aprovado, tendo sido nomeada a Prof.ª Doutora ---------  como orientadora e o Prof. Doutor --------- como co-orientador pelo Conselho Científico, em 04/04/2011.»

Releio a data. Quatro de Abril. Isto significa que o tempo para escrever a tese começou agora oficialmente a contar, a partir daquele dia. Toca a trabalhar! Agora é a sério.
Para além desta informação, também me diziam que tinha de pagar 600 euros de propina, mais seguro (1,5 euros?!), mais "custo administrativo" (28,5 euros). Fiquei assustada. É que eu já paguei tudo o que havia para pagar. Será que se esqueceram? Onde é que eu guardei o recibo, que me deram em 2009? Ah, é verdade, NÃO SEI DELE!... Pânico. Respondo de imediato para os Serviços Académicos a pedir que confirmem que aquele aviso para pagamento não se me aplica. Enquanto espero pela resposta, procuro mais uma vez em vão o tal recibo de 2009.
Felizmente, ao fim de dez minutos ou algo assim (que aguentei em apneia), respondem-me pedindo desculpa pelo equívoco e confirmando que não tenho nada a pagar. Ufa! E agora posso voltar a preocupar-me com a tese: a contagem decrescente já começou!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Por aquilo que leio...

Começo a achar que a minha tese será bastante apreciada, se for incompreensível.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Hoje ao menos li alguma coisa

É isto: hoje ao menos li alguma coisa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Coragem precisa-se

Preciso de coragem para enfrentar o que falta, que é praticamente tudo.
O que fiz até agora, passado um ano e meio de trabalho (pesquisa, artigos), foi uma brincadeira. Foi apenas o necessário para poder chegar a um novo ponto de partida (que traição!), que é o momento em que nos aceitam o "registo da tese". Os trabalhos que escrevi não vão servir para a tese, são ainda ensaios (no sentido experimental do termo) ingénuos e imberbes, quase inocentes. Ficam para recordar, mais nada.
O que falta fazer é o que conta - excluindo, claro, as notas que já tive e que farão média com a classificação final na defesa da tese. Mas isso são meros números e o que vale, para mim, é a obra feita, não são os números.
Falta-me tudo.
Falta-me ler tudo. Falta-me pensar tudo, falta-me escrever tudo.
E pior: falta-me a coragem toda para começar.