Sem saber quem iria ser o docente, porque não tomei notas na sessão em que a coordenadora leu os programas dos seminários, fui para a faculdade com curiosidade. De que iria falar a pessoa responsável por dar a primeira aula do primeiro módulo do primeiro seminário?
Cheguei à sala e fiquei surpreendida: alguns colegas já estavam sentados, mas... não havia uma única mesa! Quando a professora chegou (de onde é que eu a conhecia?), teve de pedir a um segurança que lhe abrisse outra sala. Lá fomos todos corredor fora, para um sala com mesas e cadeiras, mas muito abafada e, tal como a primeira, sem apagador para o quadro.
A professora (de certeza que já fui aluna dela... mas quando? E em que disciplina?) começou por lamentar o facto de ter direito a apenas duas aulas para leccionar toda a matéria que nos poderia dar, se tivesse um semestre inteiro só para si. Mas depois parecia não ter pressa de introduzir os assuntos... quis que cada um se apresentasse, e até aí tudo bem. Mas quando propôs que cada um falasse sobre a sua ideia para a tese, eu insurgi-me cordialmente contra: «já fizemos isso na segunda-feira...» Afinal, havia ali pessoas que tinham feito mais de 100 quilómetros para assistirem a uma aula. As apresentações não podiam suceder-se, de cada vez que tivessemos um professor novo! (Não foi isto tudo que eu disse, é claro. Felizmente, não foi preciso).
A docente propôs-se então "levantar questões metodológicas" e deixar para a aula seguinte aspectos relacionados com a investigação de espólios. Mas o que fez foi simplesmente esclarecer, de forma nada metódica, mas antes ao sabor da lembrança e da conversa, aspectos relacionados com a referenciação bibliográfica nas teses - os quais, naturalmente, alunos que fizeram teses de mestrado já dominam. Coisas banais, do tipo «o título da obra põe-se em itálico» e «as notas de rodapé servem para fazer explicações marginais ou apresentar a tradução de um texto citado em língua estrangeira». Muito pouco se aproveitou, embora houvesse um ou outro esclarecimento que os meus colegas pareceram registar com relativo entusiasmo.
Quando faziam perguntas interessantes, do tipo «mas quais são as mais recentes normas de referenciação, as internacionais, a que devemos agora aderir, tendo em conta os pressupostos de Bolonha?», ou «como é que devemos fazer a referência de uma página Web consultada na bibliografia?», a resposta era imprecisa: «há várias normas... há várias maneiras...».
Sinceramente, fiquei desiludida. Não quero estar aqui a dizer mal do curso, mas custa-me aceitar que as "questões metodológicas" se fiquem por isto. Penso que um docente que se proponha leccionar seminários de Doutoramento deve partir do princípio de que não vale a pena ensinar aos alunos o que eles já devem saber. Se há tanta coisa que de facto merece ser ali esclarecida (aspectos mais actuais, como a referenciação de fontes on-line), porque é que a professora não levava esses esclarecimentos? E porque não planificou a aula, de forma a rentabilizar o precioso tempo, que afinal desperdiçou?
Só posso fazer-lhe um elogio: teve uma postura honesta e humilde. Mas não chega!
E eis que descobri finalmente de onde conheço aquela professora: deu-me aulas de "Métodos e Investigação" no quarto ano da licenciatura. Agora me lembro!! Até desenhei uma caricatura dela nos apontamentos :)
ResponderEliminarCoitadita. Mas antes essa professora que a de Teoria da Tradução :D Acho que nunca desaprendi tanto na minha vida. Claro que tudo teria muito mais graça ainda se não fosse o valor da propina. Boa sorte. Vais precisar para aguentar o bocejo :) Bjs S
ResponderEliminarPodes crer!
ResponderEliminarPor acaso a disciplina que ela deu chamava-se Metodologia e Documentação. Vai dar sensivelmente ao mesmo...
As referências bibliográficas já constam da Norma Portuguesa NP 405 - 1, 2, 3 e 4.
ResponderEliminarExiste bibliografia que já reproduz estas normas com bastantes e bons exemplos.