terça-feira, 2 de junho de 2015

A assistência

Quando defendi a tese de Mestrado, não quis lá ninguém. Por vergonha ou receio de que testemunhassem a minha desgraça, caso corresse mal, escondi de quem pude a data da prova e obriguei os que sabiam qual era a prometerem que só lá iriam quando tudo acabasse. Hoje, recordo com remorsos a imagem dos meus pais a chegarem, como o meu querido avô, para me virem cumprimentar à porta do auditório, quando eu saí. Tenho tanta pena de não os ter deixado assistir...
Obviamente, não vou voltar a cometer esse erro. Desta vez, convidei toda a família e amigos que quiserem assistir, e quase, quase avisei os alunos de que iria defender a tese na sexta-feira, caso quisessem aparecer. Mas não o fiz, pela mesma vergonha e pelo mesmo receio de antes, misturados com a convicção de que se iriam aborrecer de morte durante aquelas duas ou três horas.
Ontem perguntei a uma "amiga" se não queria ir, imaginando que ela, estando também a pensar doutorar-se, teria interesse em assistir. Ela recusou prontamente, explicando-me que quando um dia defendesse a sua tese também não quereria fazê-lo na presença de amigos ou familiares. Fiquei um pouco confusa com a razão apresentada e esclareci: «mas eu quero ter lá pessoas amigas e conhecidas!». Disse-lhe que achava que isso seria bom, pois naturalmente ficamos mais à vontade quando falamos perante as caras sorridentes de pessoas que sabemos que acreditam em nós e nos apoiam, mesmo se falharmos. Mas ela não respondeu «Ah! Nesse caso, terei todo o gosto em ir!». Depois percebi porquê, claro.

Sem comentários:

Enviar um comentário