Mudar de livro é sempre bom. É sinal de que estamos a avançar, a progredir. Mas há livros que deixam pena quando os fechamos, mais ainda quando os devolvemos à biblioteca que no-los emprestou. São livros velhos a quem poucos dão valor. Estão desactualizados, claro. Por isso, lá vão eles calar-se humildemente, ficar de novo quietos, num longo sono de subaproveitamento.
Despeço-me deles quase como de alguém. Momentos antes de os entregar, folheio-os ainda mais uma vez, passo os olhos por linhas ao acaso, à procura de mais uma frase sonante, como aquelas pessoas que lançam um último grito em direcção ao vale, do alto da montanha, antes de lhe virarem costas, para que o eco se faça ouvir enquanto descem.
Adeus, tem de ser, são horas - é como o acabar de uma conversa.
Ponho um ponto final no meu diálogo silencioso com o Jacinto (do Prado Coelho) e inicio outro com o Eduardo (Lourenço). Como está, passou bem?
Deixe que lhe diga, achei este seu texto uma ternura! Está delicioso! Fez uma radiografia de si mesma onde, para além dos ossos, se conseguem vislumbrar os contornos dos chamados tecidos moles, usando uma linguagem médica.
ResponderEliminarÉ uma leitora apaixonada que estabelece uma relação dialogante com os livros mas, também, com as pessoas, porque os sentimentos se confundem: humanizam-se ou "livralizam-se" deixando-a, quanto a mim, na dúvida no acto da despedida: diz adeus ao livro ou ao autor.
É muita gentileza sua...! Obrigada.
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