O livro que tenho pela frente é um mar imenso que não consigo, nem conseguirei, abarcar na totalidade. Resigno-me a viajar nele e a tentar colher, nas várias viagens que vou fazendo, o melhor que ele me pode oferecer e que eu sei aproveitar. Mergulho às vezes, quando me sinto capaz de adaptar o corpo à temperatura da água. Abro os olhos e vislumbro o fundo, lá longe. Nessas ocasiões, sinto-me feliz e realizada, ainda que por escassos momentos. A maior parte das vezes, olho-o da superfície e contemplo as suas maravilhas. Vou absorvendo os tons, captando as ondulações, tentando em vão decorar linhas, texturas que apanho com mais facilidade, porque a luz e o meu estado de espírito assim mo permitem. Tiro fotografias incessantemente, procurando registar todos os aspectos que sei que me escapariam por completo, se não o fizesse. Cada gota representa algo diferente e único.
Este mar imenso assusta, intimida, mas encanta e seduz. E a solidão em que me vejo nele ajuda a percebê-lo melhor. Ou talvez apenas a sentir-me mais próxima dele. Mas mais perdida, nos dias piores.
Deixe que lhe diga: deve ser um livro inspirador, pois o seu texto é de uma beleza extraordinária.
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