quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A tese do outro

Para cúmulo, na prateleira de uma livraria, às dez da noite, descubro um livro que é o resultado de uma tese de mestrado sobre o MEU tema, exactamente como EU deveria fazer.
Só me faltava isto para perder totalmente o ânimo!


Mas eis que começo a ler a nota prévia... a introdução.... a conclusão... e aquilo me parece mal escrito, estranho, incoerente, fraco. Menos mal. Em todo o caso, continua a ser o MEU tema. Compro, claro.
Em casa, descubro-lhe outras falhas, como citar um autor através de outro sem dar por isso, aflorar apenas em duas páginas um assunto que tem muito mais que se lhe diga, falta de títulos na bibliografia, enfim, respiro de alívio. Fico mais descansada. Ainda posso acrescentar alguma coisa a isto. E de que maneira!

Não posso continuar assim, sempre a pensar que está tudo feito, que os outros já disseram tudo, que o que está na minha cabeça não presta, que não sou capaz. Dou um abanão a mim própria.
E atiro-me ao trabalho urgente: preparar-me para a reunião de amanhã, com os dois professores que se ofereceram para me orientar, por sugestão da coordenadora do curso.
Pego nos meus índices e escolho os que valem mais a pena. Selecciono os melhores títulos. Formulo questões (não podes começar sem ter uma questão, diz-me quem sabe), tomo nota de ideias importantes. Tenho de lhes mostrar que sei o que quero e que aquilo que quero fazer até tem coerência.

1 comentário:

  1. Está a ver! A "parede", que parece compacta, tem sempre "fendas". Encontrou uma, e bem grande, pelos vistos. É por ela que poderá fazer uma das suas afirmações de originalidade. As investigações, por muito exaustivas que sejam, nunca estão completamente acabadas. Sobre os erros, falhas ou lapsos dos outros podemos construir o nosso trabalho.
    Vai ver que conseguirá, depois de uma boa investigação, fazer uma boa tese de doutoramento. Coragem. Tem de enfrentar um labor solitário, mas que é sempre altamente compensador.

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