Agora espero que seja de vez. Encontrei-me com o meu novo orientador para falarmos sobre o projecto. Não gosta dele, diz que não é um verdadeiro projecto, porque não existe nele uma tese propriamente dita.
Vai ser preciso ler mais e diferente, pensar mais a fundo, encontrar uma ideia verdadeiramente original, que sustente a proposta que quero apresentar. De outro modo, há apenas uma vontade, uma "fixação", mas a "tese" será apenas burocrática e... um suicídio, no que respeita à prova de defesa.
Para ter uma tese é preciso que haja "caco", uma boa ideia que seja defensável. Ele explicou isto melhor, claro, mas para registar aqui serve dizer apenas isto: o que fiz até agora é manifestamente insuficiente como ponto de partida.
Ora já valeu a pena a mudança de orientador, certo?
Ora aí está!
ResponderEliminarExactamente o que eu lhe havia dito desde o início! Tem de ter uma tese, tem de ter uma ideia original para defender.
O seu projecto está bem construído, mas falta-lhe aquele clic que faz a diferença entre uma mera dissertação e uma verdadeira tese. Tem de provar alguma coisa nova.
Recorda-se do conselho que dei a uma sua colega e amiga sobre a tese dela? Ela tinha de demonstrar que o cronista sobre o qual está a trabalhar havia desenvolvido, em vida, uma linha de raciocínio, uma "política", para a cultura portuguesa.
A si sugeri-lhe um caminho que passava, também, por uma incursão histórica (que parece que já foi feita em dissertação de mestrado, mas que pode não estar completamente tratada, ou, até mesmo, mal tratada). Mas não quero teimar nessa via, contudo, lá está, tem de haver uma ideia (uma afirmação) a demonstrar. Não chega dizer que determinada situação está mal e que deve ser corrigida de um certo modo mais ou menos já conhecido de todos nós.
No fundo, o que o seu novo orientador lhe disse é o que eu digo aos meus alunos: tem de se construir um problema para se encontrar a solução, porque o investigador em ciências sociais e humanas deve (tem de) definir o objecto do seu estudo, pois raramente é o acaso que o define.
Assim, vai chegar a um excelente resultado.
Tenhamos, depois, esperança na constituição do júri.
Há, aparentes, males que vêm por bem!
Permita-me que acrescente mais um comentário ao anterior, mas, desta vez, para fazer uma longa transcrição retirada de um livro (uma tese de doutoramento) intitulado "Às Armas: A Formação do Republicanismo Na Literatura e Cultura Portuguesa" (já de si bem marcante do objectivo do autor) devido a António Martins Gomes, publicado pela Caleidoscópio, em Agosto de 2011. Aqui vai.
ResponderEliminar«A História foi sempre utilizada no acto de criação literária, pertença ele ao domínio da prosa, da lírica ou do drama. Na verdade, um escritor pode atribuir a um determinado acontecimento do passado uma simples função de enquadramento cenográfico, apenas com a finalidade estética de adornar o espaço e a acção das personagens; porém, o enriquecimento de uma obra literária ocorre sobretudo quando esse mesmo evento contribui para esta se tornar também um veículo de propaganda ideológica, ou seja, um exemplo moralizador e apelativo à consciência social e política dos seus leitores.
Segundo Maria de Lurdes Belchior, "As obras literárias não estão divorciadas dos tempo e dos homens que as viram nascer, mas, se são reflexo e imagem da época são também instrumentos intervenientes no devir da história e fautores desta".», p.12.
Está a ver? O autor não é um historiador, mas, antes um homem da Literatura. Aliás, esta obra vem a público pela mão da Comissão Nacional para a Comemoração do Centenário da República, mas os agradecimentos centram-se sobre gente da FCSH da UNL, entre eles, Maria Fernanda de Abreu, Carlos Ceia, Álvaro Manuel Machado, Maria de Fátima Martinho e outros.
O autor respaldou-se na leitura de quatro obras de História sobre o período de 1891 a 1910, devidas a outros tantos grandes historiadores da mesma época: Amadeu Carvalho Homem, Fernando Catroga, Jacinto Baptista e Joel Serrão. Isso chegou-lhe para "segurar" a explicação da tendência literária republicana que naquele período se foi traçando, escolhendo, depois, obras de grande referência sobre as quais se debruçou com muito maior atenção e cuidado.
Terei contribuído para a poder ajudar a encontrar o seu caminho? Espero bem que sim.
Não sei o que dizer, excepto que agradeço muito a sua preocupação, o seu cuidado, o seu interesse, que me sensibilizam e me deixam "sem jeito", como dizem os brasileiros!
ResponderEliminarAcrescento: ainda que eu não saiba como reagir, como responder e como comentar os seus comentários, uma coisa é certa: os seus bons conselhos não caem em saco roto! Obrigada.
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