domingo, 20 de novembro de 2011

Engolidela em seco

Com receio, desconforto e ansiedade, enviei na sexta-feira passada algumas páginas ao meu novo orientador, perguntando-lhe se seriam aproveitáveis ou se deveria eliminá-las para sempre.

Eu sei que devia era estar a ler, a ler, a ler, e pouco ou nada preocupada em escrever. Mas não sou capaz de levar tempos infindáveis a assimilar apenas, sem digerir e... enfim, deitar alguma coisa cá para fora que seja o produto, ou o resultado, dessa assimilação. Sinto necessidade de arrumar ideias, de ir reflectindo e passando as conclusões para um texto já minimamente organizado, que me facilite mais tarde o trabalho. E confesso: tenho pressa de ver a tese a começar, a desenhar-se no branco do ecrã e não devia... impulsiva, ingénua, imatura. Sempre.

Por isso, talvez seja bom levar com um balde de água fria. O melhor será mesmo que ele me responda a dizer que estou a perder tempo precioso de leitura com escritas inconsequentes.
Há pessoas que só aprendem à força, ou seja, quando levam na cabeça. Eu sou uma delas...

1 comentário:

  1. Julgo que conhece bem a minha posição quanto ao assunto sobre o qual escreve hoje.
    Diga-me, já tem uma ideia bem definida do que pretende demonstrar na sua tese? Se tem, já colheu a aprovação do orientador sobre esse "objectivo"? Se já colheu, agora tem de definir um plano ou índice coerente com o objectivo da sua tese e, depois, começar a carrear conhecimento sobre cada capítulo da tese. Junte informação, toda a informação que dê suporte a cada capítulo. Deixe a escrita para a fase final do seu trabalho. Quando tiver informação julgada suficiente sobre cada capítulo, pode, então, começar a escrever, porque tem de haver uma sequência lógica no seu discurso escrito. Escrever aos bochechos não garante a dita sequência. Tem de construir um discurso apoiado na dedução que comece das matérias mais conhecidas para as menos conhecidas, das mais simples para as mais complexas, das mais antigas para as mais modernas.
    Uma construção com este tipo de estrutura supõe linearidade e esta é fruto da panorâmica que resulta da visão completa de todo o conhecimento que contribui para alcançar o objectivo da sua tese.
    É possível escrever uma tese aos "soluços", mas olhe que vai "soluçar" muito!
    Não canse o seu orientador com minudências; reserve-o para as grandes linhas: objectivo, plano, aconselhamento de bibliografia, leitura de capítulos inteiros.
    Desculpe-me a ousadia e liberdade dos conselhos, mas a sua insegurança e ansiedade podem estragar um bom projecto. Esta é a opinião de um amigo com alguma experiência, embora noutra área, na condução deste tipo de trabalhos.
    Acima de tudo, tenha calma e seja persistente.

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